Jamestown estreia-se em Lisboa com investimento de 98 milhões
Empresa de gestão e investimento imobiliário de capitais germano-americanos entra em Portugal com compra do edifício do antigo Entreposto, com 48 mil m2.
Um investimento de quase 100 milhões de euros em Lisboa marca a estreia da Jamestown em Portugal. A empresa de investimento e gestão imobiliária germano-americana que se distingue pelo forte foco em design - tendo como imagem de marca a transformação de espaços icónicos das cidades em polos de inovação e centros para a comunidade - tem hoje cerca de 10,4 mil milhões de euros de ativos sob gestão. E o mais recente é o quarteirão do antigo Entreposto, hoje JQOne, edifício de escritórios com 48 mil m2 que a companhia acaba de adquirir.
A Web Summit foi um dos fatores de atração de que Lisboa beneficiou entre os investidores. Mas as características, talento e capacidades dos portugueses têm ajudado a tornar a cidade ainda mais apetecível para este tipo de investimento. "Há uma tendência crescente para empresas inovadoras de diferentes setores se instalarem em Lisboa, sobretudo desde que a Web Summit passou a realizar-se na cidade, em 2016", diz Michael Phillips, CEO da Jamestown.
O responsável da gestora acredita que esta tendência irá manter-se, sobretudo graças à força de trabalho "altamente qualificada e multilingue e à acessibilidade internacional da cidade". E nesta estreia admite já que encontra aqui "grandes oportunidades de investimento", que não se esgotam em Lisboa mas antes se estendem a todo o país e mais além, à região ibérica, com foco particular em cidades como Madrid e Barcelona. A ideia da gestora não podia ser mais clara: "Tencionamos alargar a presença neste mercado no longo prazo", vinca Phillips.
Com um portefólio que inclui ativos nos principais mercados dos Estados Unidos, da América Latina e da Europa, a Jamestown tem também dado importantes passos no que respeita a startups imobiliárias e em negócios tecnológicos que diferenciam as suas propriedades e possibilitam inovação em todo o leque de ativos sob gestão. Com 48 mil metros quadrados e uma localização privilegiada, entre o Aeroporto de Lisboa e o Parque das Nações, o mais recente a entrar no portefólio da empresa germano-americana é então o edifício do antigo Entreposto, que se junta a uma oferta que conta com investimentos icónicos em cidades europeias, como o Groot Handelsgebouw em Roterdão, mas também nos Estados Unidos, incluindo Chelsea Market e One Times Square em Nova Iorque, a Industry City de Brooklyn, o Ponce City Market em Atlanta, o Ghirardelli Square em São Francisco e o Innovation and Design Building de Boston.
Para o lisboeta JQOne, a gestora com sede em Atlanta, Geórgia, tem planos que passam por "melhorar a experiência dos inquilinos, através de comodidades e áreas comuns mais atrativas, ao mesmo tempo que irá explorar usos adicionais no imóvel, que permitam criar um melhor ambiente para inquilinos e visitantes".
A aquisição em Lisboa faz sentido dado o foco de expansão europeia que a Jamestown assume. No início do ano, a empresa garantiu já mandato para administrar um portefólio de propriedades em nome de um dos seus parceiros de investimento institucionais e coinvestidores, o E.ON Pension Trust (fundo de pensões de uma das maiores energéticas alemãs). Que se juntou ao Groot Handelsgebouw (dos maiores edifícios holandeses de uso misto, que acolhe mais de 450 empresas), a dois prédios em Amesterdão e um ativo de escritórios composto por três edifícios em Colónia, Alemanha, somando 900 milhões de euros de ativos sob gestão da Jamestown na Europa.
Lisboa, "com a alta qualidade de vida que proporciona, aliada ao design, gastronomia e história", é um passo natural no crescimento. "Representa para nós um mercado com potencial emergente", justifica Michael Phillips, que contou nesta aquisição com a representação local da CBRE, suporte legal da Garrigues e apoio técnico pela Arcadis. A equipa da Garrigues foi coordenada pelos sócios Jorge Gonçalves (Imobiliário) e Diogo Leónidas Rocha (Financeiro), com a participação das advogadas Tânia Gomes e Mariana Faria Santos, com o apoio da equipa fiscal.
Joana Petiz
08 Julho 2021